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O número de casos confirmados do novo coronavírus no Amazonas saltou para 532. Os números foram atualizados pelo governo nesta segunda-feira (6). Em todo o estado, o número de mortes por Covid-19 já chega a 19. A letalidade local é de 3,57%.
Até a último levantamento divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), no domingo (5), o número de casos confirmados do novo coronavírus no Amazonas era de 417. O aumento foi de 115 em menos de 24 horas. O interior tem 59 casos, com destaque para Manacapuru, com 28.
São 473 casos confirmados só na capital, segundo a FVS-AM. Entre os casos confirmados, 82 estão internados. Em UTI, são 38 pacientes com quadro grave – 22 na rede particular e 16 no Hospital Delphina Aziz – que se tornou a unidade de referência da Covid-19 no estado.
Casos de coronavírus no Amazonas
Primeiro caso foi registrado no dia 13 de março, e primeira morte no dia 24
Casos
Fonte: FVS-AM
Até esta segunda, 44 já saíram do período de transmissão do vírus. Outros 102 casos suspeitos estão em investigação.
“Ainda não entrou em colapso na ideia de que não existem leitos de UTI. Entretanto, nosso sistema é limitado. Falo isso hoje, mas amanhã esses números podem aumentar. Se pudesse colocar em uma escala, 95%… Numa capacidade de 5% de leitos livres”, comentou o secretário de saúde Rodrigo Tobias, ao se referir a ocupações de pacientes de Covid-19 e de pacientes de síndromes respiratórias.
Pesquisa do Amazonas tem primeiros resultados sobre uso da cloroquina no tratamento de pacientes com Covid-19
O Governo do Amazonas divulgou, nesta segunda-feira (06/04), os resultados preliminares da pesquisa desenvolvida no estado sobre o uso da cloroquina no tratamento de pacientes internados em estado grave pelo novo coronavírus (Covid-19). Os dados foram apresentados durante coletiva on-line que contou com a participação do governador Wilson Lima e do médico infectologista Marcus Lacerda, da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), responsável pelo estudo pioneiro aprovado no dia 23 de março pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.
De acordo com o pesquisador, o protocolo de pesquisa clínica liderado pelo Amazonas já foi aplicado com 81 pacientes internados no Hospital e Pronto-Socorro (HPS) Delphina Aziz e tem o objetivo de avaliar a segurança e eficácia de doses diferentes da cloroquina, remédio utilizado no tratamento da malária há mais de 70 anos.
“Nós testamos duas doses de cloroquina: uma dose que tem sido usada pelos americanos e outros países, e uma dose que os chineses usavam, que é uma dose muito alta, mas que foi usada no início da epidemia na China. Não existia nenhum trabalho, até então, comparando as doses para ver a toxicidade dessa dose maior”, explicou Lacerda, citando outros estudos em andamento.
Segundo ele, já foi possível demonstrar que o uso da dose mais alta da cloroquina por um período de 10 dias apresenta maior risco de complicações para os pacientes, podendo acarretar arritmias graves. “Então a gente está desaconselhando que essas doses altas sejam usadas. Pela primeira vez no mundo, na verdade, alguém teve o cuidado de fazer o monitoramento cardíaco dessas pessoas e ver que a dose era mais tóxica”, afirmou o pesquisador.
Com isso, o medicamento passa a ser considerado seguro, mesmo para os pacientes graves, se administrado em sua dose mais baixa, que equivale àquela que vem sendo recomendada pelo Ministério da Saúde. A partir de agora, o estudo local entra em uma nova fase, em que os pesquisadores avaliarão com mais detalhes a eficácia da cloroquina na melhora do quadro clínico dos pacientes acometidos pela Covid-19.
“Nós pegamos outros países que tinham feito exatamente a internação como nós estamos fazendo no Delphina, e a letalidade, ou seja, o risco de morrer era de 18% nesses países. Nos nossos pacientes que usaram a cloroquina, em todos eles esse risco ficou em 13%, um pouco mais baixo do que aquilo que é relatado na literatura internacional”, disse o dr. Marcus Lacerda.
O médico aproveitou para alertar a população sobre os perigos da automedicação. De acordo com ele, não há evidências científicas de que a cloroquina tenha efeito profilático, de prevenção ao novo coronavírus.
“Essa informação não existe, ninguém mostrou até hoje no planeta e isso não tem sido aconselhado porque não há qualquer evidência realmente, então a gente está tentando estudar naquelas pessoas que já desenvolveram sintomas clínicos, e aqueles mais graves, como eu disse, se beneficiaram discretamente do uso da cloroquina”, afirmou.
Rede de colaboradores – O infectologista Marcus Lacerda também destacou a mobilização de especialistas e parceiros em torno da pesquisa desenvolvida no Amazonas. Uma equipe de cerca de 70 pessoas, entre médicos, enfermeiros, farmacêuticos e alunos de pós-graduação, está instalada no HPS Delphina Aziz há 14 dias para fazer a coleta e análise dos dados.
“Todos nós descobrimos que a gente pode fazer tudo mais rápido, com uma certa energia gasta, mas com trabalho de equipe e vontade. Um estudo desse não demoraria menos de um ano, por baixo, em situações normais. A gente conseguiu em duas semanas, aqui no Amazonas, fazer um estudo que atende a todas as regras internacionais de um estudo clínico”, pontuou.
Entre as instituições parceiras do projeto de pesquisa estão: Secretaria de Estado de Saúde (Susam); Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM); Universidade do Estado do Amazonas (UEA); Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Fiocruz Amazônia e Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos).