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Amazonas realizará as primeiras 23 cirurgias de troca de sexo até sábado

Uma iniciativa inédita no Brasil proporcionará as primeiras cirurgias de processo transexualizador no estado do Amazonas. Os procedimentos realizados serão de redesignação sexual para pessoas trans e de conformidade para pacientes intersexuais no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se da “I Jornada multiprofissional de cirurgias de modificações corporais em pessoas trans e intersexo do Amazonas”, idealizada e executada pelo Hospital Universitário Getúlio Vargas da Universidade Federal do Amazonas (HUGV-Ufam), vinculado à Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares (Ebserh).

Serão 23 pacientes beneficiados, que passarão pelos procedimentos em três salas simultâneas. A Jornada, além do caráter de assistência e inclusão, também tem objetivos de aperfeiçoamento profissional. É esperada a participação de 150 profissionais de todo Brasil, que serão capacitados para atender as especificidades da população LGBTQIAPN+.

A Diretora de Atenção à Saúde da Rede Ebserh, Lumena Furtado, participou da abertura da jornada e destacou a importância de se criar um atendimento especializado. O evento foi aberto na noite da terça-feira, 27, e segue com programação até 31 de agosto. Os três primeiros dias têm na agenda palestras e minicursos e os dois últimos para a realização das cirurgias.

“A gente tem trabalhado com a perspectiva de que toda nossa a Rede Ebserh possa estar fazendo ensino, pesquisa, assistência e se preocupando em fazer um cuidado inclusivo. O acesso tem que ser garantido por processos de trabalho que reconheçam a diversidade, as necessidades singulares e a possa partir delas construir um processo de cuidado que de fato conecte com aquilo que as pessoas precisem. Esta jornada é o momento em que a gente poder que é possível construir um processo que tenha esses princípios como seu Norte”, afirmou Furtado.

Evento Transformador

Um dos 23 pacientes que passará pelo processo transexualizador durante a jornada, Isaac Lopes, que é representante da Associação Transmasculina do Amazonas, refletiu sobre a dificuldade de se discutir políticas LGBTQIAPN+. “O que estamos presenciando é um momento histórico. Nossa comunidade olhará para esse evento com olhar de esperança na ampliação de política de saúde LGBTQIAPN+ e no processo transexualizador lutado bravamente pela ampliação da política. A gente sabe o quanto é difícil trabalhar política LGBT pelo desconhecimento da população. Sabemos que
muitos da nossa comunidade lutam para combater a disforia do seu corpo”, diz.

De acordo com o último dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o Amazonas é um dos estados mais transfóbicos do país e recordista em violência contra transexuais. “A iniciativa de começar, por aqui, é justamente para trabalhar do ponto de vista de mobilização social, inclusão social e conscientização sobre transexualidade e intersexualidade e dar visibilidade a essas filas invisíveis de pacientes que esperam por cirurgias transexualizadoras”, destacou Conceição Crozara, coordenadora da Jornada e chefe da Divisão Médica do HUGV-Ufam/Ebserh.

Equipe Multiprofissional

Equipes multidisciplinares de todo Brasil se reunirão para a realização dos procedimentos. Haverá uma equipe de urologia e uma equipe de cirurgia plástica. A coordenação da equipe de urologia será do médico Ubirajara Barroso, chefe da Unidade do Sistema Urinário e chefe da Divisão de Cirurgia Urológica Reconstrutora e Urologia Pediátrica do Hupes-UFBA/Ebserh.

“Esta jornada é um marco para a população intersexo e trans. Vamos dar assistência a um grupo que sofre preconceito e tem dificuldade em ser aceito no mercado de trabalho e até mesmo em seus grupos sociais. Vamos propiciar a replicação do conhecimento, ensinando novos profissionais a avaliar, saber como abordar esses pacientes e a realizar cirurgias reparadoras ou transexualizadoras. Será um evento transformador”, explica o urologista Ubirajara Barroso Jr.

À frente da equipe de cirurgia plástica, o médico Rodrigo Itocazo Rocha, que atua como médico da Divisão de Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), destaca que o evento mostra a preocupação dos organizadores em criar e ampliar a atenção às pessoas trans e intersexo com participação de pessoas e profissionais com larga experiência.

“Este evento demonstra o grande cuidado para que as pessoas já em acompanhamento no serviço médico do HUGV-Ufam/Ebserh tenham oportunidade de acesso às cirurgias de modificação corporal. Dar visibilidade às pessoas trans e intersexo através da Jornada e aproximar profissionais gabaritados na atenção às pessoas atendidas é fundamental para a habilitação do serviço de maneira humanizada e com alta qualidade”, ressalta o cirurgião plástico.

Sobre a Rede Ebserh

O HUGV-Ufam faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação

 

 

*Fonte: Blog do Hiel levy

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