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Projeto de bioeconomia já investiu R$ 130 milhões em 56 negócios que exploram de maneir sustentável produtos a partir do açaí, banana, cacau, castanha, tucumã e pescado

Nos últimos cinco anos, o Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), coordenado pelo Idesam, tem se destacado como uma peça chave no desenvolvimento de uma nova economia sustentável na Amazônia. Com mais de R$ 130 milhões investidos em 56 projetos inovadores, o PPBio fomentou 17 cadeias produtivas, incluindo negócios que utilizam da tecnologia para explorar de maneira sustentável produtos a partir do açaí, da banana, do cacau, da castanha, do tucumã, da madeira, de óleos vegetais, do pescado manejado e de plantas medicinais.

Abrangendo negócios nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima, essas iniciativas visam transformar a biodiversidade da região em produtos de alto valor agregado, promovendo a conservação da floresta e o desenvolvimento socioeconômico local. Os resultados estão no Relatório de Atividades do PPBio do período de 2019 a 2023, apresentado nesta quinta-feira (26) na sede da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), em um evento onde os principais negócios apoiados puderam mostrar à sociedade o fruto do investimento captado pelo programa via Lei de Informática.

Entre os negócios beneficiados está a Dr. Guaraná, que desenvolve o primeiro energético natural do mundo, o Energy Shot, utilizando insumos amazônicos. Márcio Reis, CEO da empresa, enfatizou a importância do PPBio no desenvolvimento de uma nova formulação do produto, permitindo que a marca alcance o mercado nacional e internacional. “O programa nos ajudou a superar desafios logísticos e de escalabilidade. Graças a essa parceria, estamos prontos para expandir o alcance dos nossos produtos da bioeconomia”, disse Reis.

Carlos Koury, diretor de inovação em Bioeconomia do Idesam, celebrou os resultados práticos alcançados, ao afirmar que a proposta inicial do programa, de que a ciência e tecnologia poderiam ser vetores de uma nova economia na Amazônia, foi comprovada. “Temos mais de 70 iniciativas e mais de 150 novos produtos, processos e serviços para o uso sustentável da biodiversidade. O PPBio mostrou que não precisamos recorrer à substituição da floresta para gerar riqueza. Pelo contrário, a biodiversidade é o nosso maior ativo”, destacou.

Outro exemplo que comprova essa tese é a Yara Couro, fundada por Frank Portella, e que transforma resíduos de peixes, como o couro de pirarucu e pescada amarela, em artigos de moda de alto valor agregado. “A gente faz com que esse projeto atravesse todo o interior do Amapá, impactando comunidades ribeirinhas, comunidades de pescadores e indígenas.  Esse couro de peixe que seria descartado de forma aleatória, ou pior, enterrado ou jogado nos rios, a gente transforma em couro, que tem um alto valor agregado no mercado nacional e internacional”, explicou Portella. Para ele, o programa foi crucial na jornada empreendedora da startup.

A Amanayara Alimentos também se beneficiou do programa ao desenvolver produtos inovadores a partir de ovas de peixes amazônicos, como o “caviar amazônico”, feito a partir de ovas de tambaqui. Joely da Silva, representante da empresa, conta como a startup conseguiu agregar valor a co-produtos da pesca, como o snack de proteína de pirarucu, que visa melhorar a segurança alimentar e promover uma cadeia produtiva mais sustentável.

“Um exemplo, as ovas do jaraqui, que são resíduos que normalmente seriam desperdiçados em feira. Então a gente reaproveita e produz, conseguimos desenvolver produtos à base desses resíduos”, explica.

Com impactos visíveis na conservação da floresta e no desenvolvimento econômico, os números do PPBio consolidam o programa como um modelo de transformação para a Amazônia. As empresas apoiadas demonstram que é possível unir inovação, sustentabilidade e desenvolvimento, criando um futuro para a região e para o mundo.

Essa sustentabilidade também pode ser aplicada para as plantas alimentícias não convencionais, as PANCS, como mostra a Startup Agrega+, que desenvolve soluções tecnológicas para irrigação e controle de solo voltadas para pequenos e médios agricultores. Segundo Jane Leão, CEO da empresa, o PPBio permitiu que a Agrega+ expandisse suas operações para comunidades remotas, ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas na agricultura local.

“O nosso impacto socioambiental é voltado principalmente aqui para comunidades da nossa região, pois nós atuamos em comunidades remotas, principalmente a partir dessas situações climáticas que avançam dentro da nossa região. Sendo elas, como exemplo, a seca que acontece, a Agrega+ consegue chegar a essas comunidades, trabalhando primariamente com a agricultura, principalmente no ponto focal da segurança alimentar de ribeirinhos e comunidades. Dentro disso, também trabalhamos com a formação de agricultores para que a agricultura seja mais sustentável”, afirmou Leão.

Apesar dos avanços, Bosco Saraiva, superintendente da Suframa, ressaltou a necessidade de aumentar os investimentos no setor. “O PPBio captou pouco mais de R$130 milhões nestes 5 anos, mas esse montante é insuficiente diante do potencial da bioeconomia na Amazônia. Precisamos de mais recursos para industrializar e gerar negócios sustentáveis com as riquezas da nossa floresta”, disse Saraiva, durante o evento de apresentação dos resultados do programa.

 

*Fonte: Blog do Hiel Levy

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