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Estimativa é menor do que a apontada no meio do ano. Fenômeno ocorre quando as águas do Pacífico Equatorial esfriam mais do que o habitual, provocando uma redução temporária na temperatura global.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) afirmou na manhã desta quarta-feira (11) que há 60% de probabilidade de surgirem condições de La Niña no final deste ano.
A atual estimativa aponta que houve uma “redução” da probabilidade de ocorrência do fenômeno. Em junho, era de 70% a chance de o La Niña se consolidar entre agosto e novembro, segundo a OMM.
❄️O La Niña ocorre quando há o resfriamento da faixa Equatorial Central e Centro-Leste do Oceano Pacífico. Ele é estabelecido quando há uma diminuição igual ou maior a 0,5°C nas águas do oceano. O fenômeno acontece a cada 3 ou 5 anos.
🌊 Para o Brasil, os efeitos clássicos do La Niña são:
Ainda segundo a OMM, atualmente, as condições do fenômeno estão “neutras”.
Neste ano, o El Niño foi um dos mais intensos já registrados, com impactos por todo o país. Alguns especialistas chegaram a considerar o fenômeno um Super El Niño pela sua intensidade e extensão.
“Precisamos ver, na prática, como o La Niña vai se comportar e se realmente será um La Niña. Teoricamente, ele intensifica as chuvas no Norte e Nordeste do Brasil, abrangendo toda a faixa norte do país e da América do Sul. No entanto, o impacto no clima global não é tão simples”, diz Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo.
Luengo explica que, diferente da OMM, a previsão mais recente da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) aponta que o La Niña atingirá seu pico entre novembro e janeiro, com 74% de probabilidade em dezembro. Apesar disso, ele afirma que o fenômeno não deve ser intenso ou prolongado.
“Cada parte do mundo sente os efeitos de forma diferente, dependendo da época do ano. Por exemplo, um La Niña em dezembro tem efeitos distintos de um em junho, já que o clima sazonal também muda”, acrescenta.
O La Niña envolve o resfriamento em larga escala das águas da superfície do Oceano Pacífico central e oriental, além de mudanças na circulação atmosférica tropical, como ventos, pressão e chuvas.
Seus efeitos variam conforme a intensidade, duração, época do ano e a interação com outros fatores climáticos, mas geralmente traz impactos opostos aos do El Niño, principalmente nas regiões tropicais, onde fica boa parte do Brasil.
Por isso, apesar desses eventos climáticos naturais, a OMM afirma que o contexto mais amplo é o das mudanças climáticas provocadas pelo homem, que aumentam as temperaturas globais, intensificam eventos climáticos extremos e alteram padrões sazonais de chuva e temperatura.
Um exemplo disso é que os últimos nove anos foram os mais quentes já registrados, mesmo com a influência de resfriamento de um La Niña prolongado entre 2020 e o início de 2023.
“Desde junho de 2023, temos visto uma longa sequência de temperaturas globais excepcionais da superfície terrestre e marítima”, afirmou a argentina Celeste Saulo, secretária-geral da OMM.
“Mesmo que um evento de resfriamento de curto prazo La Niña surja, ele não mudará a trajetória de longo prazo do aumento das temperaturas globais devido aos gases de efeito estufa que retêm o calor na atmosfera”, acrescentou Celeste.
O El Niño é a fase positiva do fenômeno chamado El Niño Oscilação Sul (ENOS). Quando ele está em atuação, o calor é reforçado no verão e o inverno é menos rigoroso no Brasil. Isso ocorre porque ele dificulta o avanço de frentes frias no país, fazendo com que as quedas sejam mais sutis e mais breves.
Em resumo, o fenômeno causa secas no Norte e Nordeste do país (chuvas abaixo da média),principalmente nas regiões mais equatoriais, e provoca chuvas excessivas no Sul e no Sudeste.
Apesar do fim do fenômeno, esse inverno ainda foi muito impactado pela influência do El Niño, muito por conta de sua forte intensidade ao longo dos meses.
Agora estamos observando um resfriamento mais evidente das águas do Pacífico, com o estabelecimento do La Niña previsto pela OMM.
El Niño e La Niña — Foto: Arte g1/Luisa Rivas
O último mês do inverno deve seguir com a condição de tempo seco em quase todo o país. Após um fim de agosto marcado pelo retorno do calor, a previsão indica que o mês de setembro deve ter chuvas abaixo da média em boa parte do país e temperaturas elevadas.
As chuvas devem ficar acima da média apenas na faixa norte da região Norte, sul do Mato Grosso do Sul e de São Paulo e na região sul.
Já nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, sul da região Norte, interior do Nordeste e oeste do Paraná, estão previstas chuvas muito próximas ou abaixo da média para o período.
Para as temperaturas, a tendência é de um mês com marcas acima da média em todo o país, com possibilidade de novas ondas de calor – como a prevista para a primeira semana.
Em áreas do Pará, Amazonas, Rondônia, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão e Piauí, as temperaturas médias podem ultrapassar os 30ºC.
No Sul, os três estados devem ter valores acima da média, mas as áreas de maior altitude ainda podem registrar temperaturas abaixo dos 12ºC. O mesmo deve acontecer no Sudeste.